sexta-feira, 8 de abril de 2022

Homens que amavam animais


 


    
 

    Meu avô era um sábio analfabeto. Certas coisas ele não compreendia: as pessoas que via na televisão bronzeando-se ao sol do meio-dia e homens cansando cavalos inutilmente. 

    Antes de os cientistas darem o alerta ele já conhecia os perigos do sol para a pele dos humanos e para o fôlego dos animais. 

    Meu pai seguia a mesma lei: no verão, não se encilhava cavalo das onze horas da manhã até quatro e meia da tarde. Salvo extrema necessidade. Por isso levantavam muito cedo. As principais lides campeiras tinham de ser feitas antes de o sol ganhar o alto do céu. Andar a cavalo sem necessidade, no calor, era para eles coisa de gente da cidade. Pior do que isso, era algo condenável. Bárbaro.

    Eles adoravam cavalos. Cuidavam deles com muito carinho.

    Amavam os animais. 

    Serviam-se deles, mas os viam com companheiros de labuta.

    Penso neles sempre que vejo um animal sendo maltratado.

    Por outro lado, homens de uma época, colocavam o ser humano em primeiro lugar. Só que essa primazia não dava direitos absolutos.

    Sempre nesses homens simples que viviam com sabedoria.

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