sexta-feira, 8 de abril de 2022

Estátua de Bolsonaro em Passo Fundo

 A estátua do ignominioso voltou perto do aeroporto de Passo Fundo.


 

Tau Golin conta a história em versos satíricos.

 

A ESTÁTUA DE BOLSONARO


 

Passo Fundo foi escolhida a cloaca do ódio.

Pelo Brasil juntam os materiais apropriados,

O mutirão da vergonha reúne terras griladas,

Cinzas das florestas queimadas, ossadas várias,

Madeiras das matas usurpadas, lâminas de serras,

E bostas, às toneladas, dos gados para cimentá-la.

Ao monstrengo que vai se levantando, impávido

E sem colosso no Planalto Médio dos Kaingang.

A terra dos povos violados pelos bandeirantes,

Novamente maculada pelo etnocídio da paisagem.

 

Das minas vem o ferro e o suor dos mineiros

Explorados na cadeia internacional do lucro.

Com pazadas de morte juntam os sedimentos

de barro das barragens de contenção, rompidas

pelo desleixo, enterrando povoados e sonhos.

 

Armas e relhos se mobilizam nas mãos milicianas,

Festejos de motos, carrões e alguns calhambeques

Preparam-se para o féretro da cidadania violada.

Marcas de cascos de cavalos marcarão a vereda,

Evocando morte, adornada pela jumenta merda.

 

A bandeira nacional flamulada, de fato profanada,

Conduzirá toda a legislação do trabalho rasgada.

Junto ao recavem da asquerosa figura de borralho,

Reserva-se lugar destacado à carteira do trabalho.

 

A inauguração da estátua patrimonializa o asco,

Reverencia a desumanidade, recupera a pecha:

“Passo Fundo, a Chicago do Planalto Médio!”

Dístico duramente superado pela sabedoria

Daqueles que levantaram bandeiras culturais,

Fizeram currículos de saberes, educação da lei,

Dignificaram escolas e buscaram a civilização.

 

Atenção, atenção, atenção...

 

O monstrengo, terrorista e sabotador da cidade,

Manterá o seu sopro pestilento sobre os cidadãos.

Sua presença contaminará a atmosfera para a paz.

No lugar da constituição carrega manual de algoz,

Emblemas ao ódio, à intolerância, à homofobia,

Sua arenga de barbárie estará sempre entre nós.

 

As milongas perderão o encanto dos fogos de chão.

Os chamamés tropeçarão no próprio compasso.

Os atabaques silenciarão seus toques fraternos.

Somente um uivo de morte nos nossos passos,

Alimentados na estátua, fonte de ódio profundo.

Um comentário:

  1. ele te derrotou, então; quem diria: o seguidor de Stirner virando menestrel de dor de cotovelo; os tempos mudaram; e você precisa só de uma coisa: jogar tudo fora e nascer novamente

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