segunda-feira, 25 de abril de 2022

Palomas

 


Não vou falar de rio

Pois rio não havia.

 

Na minha infância,

Em Palomas, latia

Um cão para o trem.

 

O tempo dizia vem...

O resto era solidão.

Campos, uma estância,

Verde por horas a fio.

 

Palomas não era triste,

Nem sequer era triste.

 

A vida tomava sol,

Um pinheiro em riste

Mirava o céu em bemol.

 

Depois, ao cair da noite,

Ouvia o vento num açoite

Afundar navios de papel.

 

 

Então, vieram os vinhos.

E Palomas se embriagou.

Ondula, agora, senhora

Como uma cordilheira.

 

Romântica, fata morgana

com seus ares de Toscana,

Assopra vapores no céu.

Da boca dessa velha louca

Escapa uma saudade rouca.

Gritos de guri ao léu.

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